domingo, 28 de abril de 2013

Linha de Ogum



Sempre vigilante, aplicando a Lei Divina com rigidez e firmeza, Ogum vibra sua energia nos caminhos, nas entradas, agindo de acordo com a atitude daquele que o leva a agir.

Ogum é o Orixá da energia da atitude, vencedor de demandas, persistência, tenacidade, renascimento (no sentido de capacidade de se reerguer, pois quem tem a força e a proteção desse guerreiro pode vacilar mas jamais deixará de ser um vencedor ). 

O Orixá Ogum representa ou se manifesta através da luta pela sobrevivência e por isso está associado a defesa de todos os reinos, além de estar diretamente associado ao início de tudo, ao novo, a conquista.

Ao encontrarmos a energia do Orixá Ogum, cujo elemento é o fogo, manifestando-se no reino do Orixá Omulu, que é a terra, o chão, o solo, através do calor o sol e traduzimos isso para a calunga pequena ou cemitério, que em termos ritualísticos de Umbanda é o reino de Omulu, temos a formação do desdobramento de Ogum que chamamos de Ogum Megê. Ou seja, é o Orixá Ogum atuando na defesa do reino do Orixá Omulu em combinação vibratória com o mesmo, formando este desdobramento de Ogum. É o Ogum magista, ou seja, conquista/defesa através da magia.

Quando o Orixá Ogum manifesta-se na defesa do reino de Xangô, encontramos o desdobramento chamado de Ogum de Lei, ou seja, combinação vibratória do Orixá Ogum com o Orixá Xangô. Em nível de necessidade nossa de terra (ou terreiro) é quando Ogum atua na execução de justiça. É o Ogum da ponderação, ou seja, conquista/defesa através da ponderação, da estratégia.

Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com o Orixá Oxossi damos o nome de Ogum Rompe Mato. É o Ogum do imediatismo, ou seja, conquista/defesa através da expansão.

Ao cruzamento vibratório do Orixá Ogum com a Orixá Oxum, ou seja, Ogum atuando na defesa dos rios e cascatas, damos o nome de Ogum Iara. É o Ogum da diplomacia, ou seja, conquista/defesa através da concórdia, diplomacia.

E finalmente o Orixá Ogum atuando na defesa do reino de Iemanjá, juntamente com a Orixá Iansã (ação sazonal dos ventos e tempestades causando a turbulência das ondas) damos o nome a esta manifestação de Ogum Beira-Mar. É o Ogum do inesperado, ou seja, conquista/defesa através de ações inesperadas.

Concluímos, portanto, que Ogum pode atuar com todos os elementos naturais, Ar, Fogo, Água, Terra, no qual estabelece sua vibração. Ogum atua em todos eles em conjunto com os demais Orixás. Por isso seus falangeiros trazem características da vibração de Ogum com a vibração do Orixá que rege outro campo vibratório da natureza.


RESUMO:

Ogum Megê: trabalha em harmonia com Omulu, na entrada da calunga pequena (cemitério).

Ogum Rompe-Mato: trabalha em harmonia completa com Oxossi, na entrada da mata. 

Ogum Beira-Mar: trabalha na orla marítima em harmonia com Iansã e Iemanjá.

Ogum Iara: trabalha na cachoeira em harmonia com Oxum.

Ogum de Lei: trabalha com as almas em harmonia com Xangô, Omulu, Oxum e Ogum Iara.

Ainda dentro desses desdobramentos, encontram-se os chefes de linha, como no caso de Ogum Sete Ondas, que vem a ser o desdobramento da vibração de Ogum Beira-Mar.

Vejamos outros caboclos de Ogum que baixam em nosso terreiro e seus pontos de força:

Ogum das Matas: nas matas.
Ogum Lanceiro: nas matas.
Ogum da Lua: nas cachoeiras e pedreiras.
Ogum Malé (Malei): aliada à Linha de Malei (Povo de Exu). 

Se exu é aquele que abre os caminhos, o faz em nome de Ogum, que estabelece a ligação entre os diferentes locais, determinando a atuacao de Exu. Por isso Ogum é responsável pelos caminhos.

Ogum da Lua
Ogum Megê
  
                       
                         Ogum das Matas
Ogum de Lei
Ogum de Ronda
Ogum Rompe Mato

terça-feira, 2 de abril de 2013

Porque estudar Teologia de Umbanda ?


 

Teologia é a ciência que trata de Deus seus atributos e perfeições, bem como suas relações com os homens.
Há duas formas de estudar religião, de dentro para fora e de fora para dentro.
De dentro, quem estuda é o religioso, fazendo e produzindo Teologia.
De fora, quem estuda é o cientista da religião, por meio das Ciências Humanas.
A Teologia tem por tarefa explicar a religião.
Se há religião, há teologia.
As Ciências da Religião (Humanas) procuram apenas entendê-la como um fenômeno humano seja um fato social, psicológico, antropológico, histórico, filosofico ou outros. Sem no entanto estudar ou aprofundar em seus fundamentos, tarefa esta da Teologia.
Todo religioso quando passa a explicar sua religião produz Teologia.
Quem produz teologia é o religioso, independente de sua formação.
Só quem pode explicar a religião é o religioso, os demais devem tentar compreende-la.
Um Cientista pode questionar seus aspectos humanos nas mais variadas áreas.
Apenas o religioso faz crer, ensinar, preparar e iniciar a outros religiosos, dentro de sua ciência a Teologia.
Assim como apenas a comunidade religiosa pode definir como quer ou deve preparar seus sacerdotes, ministros, ministrantes, reconhecidos ou não por meio de ata, estatuto (reconhecimento legal) ou certificado (reconhecimento de seu preparo), por este mesmo grupo que o identifica (reconhecimento afetivo-religioso).
Estudar Teologia é Estudar Religião.
Esta Ciência pode ser definida como um estudo racional de seu universo religioso, o que envolve desde os fundamentos mais básicos de seu ritual – sua liturgia – até conceitos mais elaborados de sua Gênese ou Cosmologia.
Estudar Teologia de Umbanda é estudar a Religião de Umbanda.
Teologia da Umbanda é um estudo de todo o universo de Umbanda, desde os Orixás passando pelos guias e vindo até nós. Neste estudo se aborda Umbanda de forma teórica, sem a pretensão de mostrar a ninguém como deve ser o trabalho prático que as entidades tão bem realizam em templo (terreiro/centro/tenda/abacá/núcleo/Ilê/Tupãoca/ e outros), simplesmente com o objectivo de sanar aquelas dúvidas que muitas vezes não conseguimos esclarecer no dia a dia dentro do templo.
É tempo de estudarmos realmente a Teologia de Umbanda?
Podemos dizer que sim, pois, o estudo e a multiplicação do conhecimento sério e comprometido é a única maneira de mudarmos a atual situação da Umbanda, na qual cada um fala e faz o que quer dentro e fora da Religião de Umbanda.
Muitos umbandistas tem dificuldade em explicar o que pratica e porque pratica certos rituais, usa certos elementos, manifesta forças e poderes, por meio de entidades e orixás. Simplesmente porque não foram estimulados a estudar e se aprofundar no porquê de cada elemento que forma um todo, identificado como Umbanda. É certo que muitos não tiveram esta oportunidade de estudar, principalmente no que diz respeito aos “antigos”, mas hoje em dia já não cabe mais esta justificativa ou desculpa. Se Umbanda é a sua religião você deve estudá-la, seja aqui ou por outro meio.

Sabemos das dificuldades em estudar a Umbanda de forma auto-didata, pois já trilhamos este caminho, em que cada literatura afirma o contrário da outra e em que cada Mestre/Pai-de-santo/autor se torna o dono da verdade ultima de Umbanda.
Aqui não somos os donos da verdade ao estudar Umbanda, procuramos um caminho do meio, entre nossas convicções e a compreensão do “outro” umbandista. Cremos nos resultados de compreensão da religião por meio destes ensinamentos que permitiram a nós mesmos entender e praticar Umbanda de uma forma mais aberta e tranqüila. Sem dogmas ou tabus, já que tudo pode e deve ser explicado à luz da razão.
Umbanda é Mais que o nosso terreiro.
Nosso terreiro é Umbanda, mas a Religião de Umbanda é mais que nosso terreiro.
Nós somos Umbanda, mas Umbanda é muito mais que todos nós juntos.
A Religião de Umbanda vai para além de conceitos e verdades locais ou limitadas a este ou aquele terreiro. Fato importante este pois muitos umbandistas ao se decepcionarem com o terreiro em que freqüentam acabam abandonando a religião, pois estavam limitados ao templo físico e a seu orientador (sacerdote/dirigente/padrinho/pai-de-santo...).
Já foi comum na Umbanda, médiuns serem proibidos de ler livros de Umbanda, conhecer outras casas  ou fazer perguntas sobre a religião.
Não podiam ler “para não fazer confusão”, “para não desaprender”, não podiam freqüentar outras casas “para não cruzar as linhas” e não podiam fazer perguntas “porque não estavam preparados, ainda, para as respostas”.
Quando surgiram alguns Cursos de Umbanda, muitos foram e ainda são proibidos de freqüentar, e mais justificativas surgem, como “estão mercantilizando a Umbanda”, “Umbanda não se aprende em curso”, “vai pegar demanda” e outros como, por exemplo, desmerecer quem se dedica a ensinar sobre a sua religião.
Que outra forma existe para se organizar e passar o conhecimento aberto a todos, independente de onde vem, para onde vão e se são umbandistas ou não?
Assumindo o fato de que, nem sempre conseguimos manter um grupo de estudos em nosso próprio templo.  Seja por falta de tempo ou desinteresse, fica a pergunta:
Quantos conseguem se dedicar ao estudo constante e ensino religioso organizado e comprometido? Os resultados deste estudo (Teologia de Umbanda ) são positivos? Merecem crédito?
A árvore se reconhece pelos frutos.
Nada mais tranqüilizador que a compreensão teórica do que se pratica, afinal como criar uma identidade umbandista e me reconhecer como tal, se não consigo ainda compreender o que estou praticando e o vem a ser Umbanda.
Umbanda tem Fundamento... É preciso preparar...
Existe a necessidade real do estudo, sem a pretensão de subestimar a prática, mas com o objetivo de criar uma consciência “religiosa” que vá além dos limites de “terreiro”.  Por falta dessa consciência a Umbanda já perdeu muito espaço e vem sendo criticada, tornando-se alvo, entre outros, de seitas que a discriminam e acusam de praticas negativas diante de seus médiuns muitas vezes sem condições teóricas de se defender ou argumentar sobre a ignorância deste preconceito e discriminação.

A falta de uma Teologia pensada, de uma doutrina e de um acompanhamento dos novos dirigentes de Tendas de Umbanda, resultou em erros irreparáveis e condutas pessoais que não tinham e não tem  nada a ver com o que nos ensina a espiritualidade.
Muitas pessoas, ainda despreparadas, mal instruídas e até incapazes para a direção de um Templo, abriram suas tendas, criando a sua própria Umbanda e deram vazão a seus emocionais desequilibrados e seus vícios religiosos, pois não aceitavam a condição de liderados e almejavam serem líderes, bajulados ou temidos.
Então muitos abandonaram a Umbanda, depurando-a. É uma questão de tempo, para que os atuais e remanescentes dirigentes da Umbanda realizem um trabalho de base, de doutrinação de seus médiuns, instruindo-os e ensinando-os a prepararem bons filhos espirituais, adeptos, médiuns e bons dirigentes de tendas. E então, a Umbanda conquistará seu verdadeiro espaço religioso, pois o tipo de trabalho realizado por ela, só os verdadeiros umbandistas podem realizar, porque são os herdeiros naturais dos sagrados Orixás.
Por isso, é necessário que todo sacerdote umbandista desenvolva uma consciência voltada para o aprendizado permanente.
Conceitos filosóficos, teológicos e doutrinários mais profundos, só surgirão com o amadurecimento da própria religião e quando todos os umbandistas desenvolverem uma consciência religiosa verdadeiramente de Umbanda e totalmente calcada em conceitos próprios, de uma religião fundamentada na existência de um Deus único (Seja qual for seu nome; Zambi, Olorum, Olodumare, Tupã...) e na sua manifestação por meio de suas divindades (Orixás, Entidades).